O terrorismo de estado da administração Obama

As contradições entre grandes potências e gigantes transnacionais não desapareceram, mas não são já antagónicas. Um imperialismo colectivo substituiu o imperialismo, responsável pelas guerras mundiais do seculo XX. O pólo (e motor) desse novo imperialismo situa-se nos EUA e é ele que, pela sua agressividade e irracionalidade, configura uma ameaça Í  humanidade.

A crise que a Humanidade enfrenta não tem precedente. Pelas suas caracterÍ­sticas, por ser global e universal, difere das anteriores.
A maioria da Humanidade tem dificuldade em compreender a sua gravidade e dar-lhe combate porque uma monstruosa engrenagem de desinformação transforma a mentira em verdade e o crime em virtude. Utilizando-a como instrumento de uma estratégia de dominação planetária, o sistema de poder dos Estados Unidos tenta – com a cumplicidade dos governos da União Europeia e do Japão - criar sociedades de senhores e escravos de novo tipo, povos robotizados, um mundo que responda aos interesses do grande capital, erigido num valor supremo, quase divinizado.

Para atingir esse objectivo, o imperialismo evoluiu numa metamorfose complexa. As guerras interimperialistas pertencem ao passado. Contradições entre grandes potências e gigantes transnacionais não desapareceram, mas não são já antagónicas.
Um imperialismo colectivo hegemonizado pelos EUA substituiu o imperialismo, responsável pelas guerras mundiais do seculo XX.
O pólo (e motor) desse novo imperialismo situa-se nos EUA e é ele que, pela sua agressividade e irracionalidade, configura uma ameaça Í  humanidade.

Hoje são os intelectuais progressistas dos EUA os primeiros a denunciar esse perigo que, pelo funcionamento do sistema e a sua tendência exterminista, pode conduzir Í  extinção da vida na Terra.

Cito entre outros Noam Chomsky, James Petras, Ramsey Clark e o falecido Howard Zinn.

Em entrevista recente Í  emissora de televisão Russia Today, de Moscovo, o cineasta Oliver Stone e o historiador Peter Kuznik definiram Barack Obama como «lobo disfarçado de cordeiro».

Para Oliver Stone, os EUA são actualmente um Estado Orwelliano. Obama «pegou em todas as mudanças de Bush, introduziu-as no sistema e codificou-as».

Perante uma crise estrutural para a qual não encontra soluções no âmbito da lógica do capital, o imperialismo estado-unidense optou por uma polÍ­tica externa neofascista, promovendo guerras ditas “preventivas” contra povos do Terceiro Mundo para saquear os seus recursos naturais.

Crimes abjectos foram cometidos no Iraque, no Afeganistão, na LÍ­bia. Tribos da Somália e do Iémen são bombardeadas com frequência em guerras não declaradas. A Intervenção militar no Uganda inseriu-se nos planos do Africa Comand que se propõe instalar naquele Continente um exército permanente de 100 000 homens.

No Iraque, na SÍ­ria e no Afeganistão, os EUA criaram «esquadrões da morte» inspirados no modelo salvadorenho para assassinar «inimigos» cujos nomes constam de listas elaboradas pela inteligência militar (Chossudovsky, Global Research,4.1.13)

A operação terrorista que visa impor Í  SÍ­ria um governo fantoche está em marcha. O objectivo seguinte será o Irão, único paÍ­s muçulmano cujo governo não se submete aos ultimatos de Washington. Mas a China é já apresentada como o grande obstáculo Í  dominação planetária dos EUA. Dois terços do poder aeronaval dos EUA foram concentrados no Extremo Oriente e aquele paÍ­s está cercado por uma rede de bases militares norte-americanas.

Na reformulação da estratégia do Pentágono, os drones - aviões sem piloto- substituÍ­ram os bombardeiros tradicionais. Os melhores pilotos da USAF, instalados diante de maquinas sofisticadas em bases dos EUA, comandam os ataques criminosos desses engenhos contra aldeias do Paquistão e do Afeganistão o próprio presidente Obama quem seleciona em listas que lhe são entregues os inimigos a serem abatidos, supostamente da Al Qaeda ou Talibans. Milhares de camponeses têm sido assassinados pelos drones nessas acções criminosas. O Pentágono lamenta, mas conclui que se trata de «danos colaterais inevitáveis».

Centenas de bases militares dos EUA, instaladas em mais de quinze paÍ­ses, são prova indesmentÍ­vel da estratégia exterminista do Pentágono.
Um número record de suicÍ­dios nas Forças Armadas no ano passado foi interpretado por influentes media como manifestação do mal-estar crescente nelas implantado.

No plano interno os EUA atuam já – a expressão é de Michel Chossudovsky- como um Estado totalitário e policial de fachada democrática.
A Base Militar de Guantánamo permanece aberta como centro de tortura de presos.

Invocando o Espionage Act, a Administração Obama encarcerou sem as levar a tribunal mais cidadãos do que qualquer das anteriores.
O actual governo, segundo Peter Kuznick, intercepta diariamente 1.700.000 mensagens privadas entre emails e chamadas telefónicas. Aproximadamente um milhão de pessoas «com habilitação de segurança máxima» garantem o funcionamento desse aparelho secreto de espionagem.

Em 1946,as quatro potências ocidentais que haviam destruÍ­do o III Reich de Hitler julgaram em Nuremberga 22 dos grandes criminosos de guerra nazis e enforcaram onze deles.

Hoje, transcorridos 66 anos, o presidente dos EUA, responsável pelo cargo que exerce por uma estratégia exterminista e repugnantes crimes contra a Humanidade, é premiado com o Nobel da Paz.

A Historia ensina-nos que os povos oprimidos e agredidos tardam quase sempre a levantar-se contra a tirania. Mas acabam por se insurgir e destruir os sistemas que a impõem.

Essa lei histórica permanece válida.

O capitalismo ainda poderoso, mas ferido de morte, hegemonizado pelo sistema de poder desumanizado do imperialismo estadunidense, será destruÍ­do e erradicado da Terra, pátria do homem.

Cidade do México, Março de 2013

*Comunicação ao Seminário Internacional «Os Partidos e uma Nova Sociedade» do Partido do Trabalho, Cidade do México, Março de 2013

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