A perseguição dos EUA a Julian Assange tem uma justificação fundamental: a prática polÍtica, económica e militar da maior potência imperialista só pode ser defendida mentindo, silenciando e falsificando toda a informação. O que Wikileaks fez e continua a fazer é desmascarar essa colossal ocultação de sucessivos crimes contra a humanidade.
Introdução
Durante quase uma década Washington tentou silenciar, prender e eliminar o mais destacado jornalista de investigação do mundo, Julian Assange (JA) e a sua equipa de colaboradores no Wilkileaks (WL).
Nunca os media de massa foram tão desacreditados por documentos oficiais que contradizem directamente a propaganda oficial, verbalizada por lÍderes polÍticos e papagueada por “lÍderes” jornalÍsticos.
Washington está particularmente empenhado em capturar JA porque as suas revelações tiveram um impacto particularmente poderoso sobre o público dos EUA, os crÍticos polÍticos, os media alternativos e grupos de direitos humanos, operando a sua viragem contra as guerras dos EUA no Médio Oriente, Sul da Ísia, Ífrica e América Latina.
Discutiremos o que JA e WL realizaram e porquê o gume particularmente afiado da sua reportagem perturbou o governo.
Vamos depois discutir os conflitos “em curso” e o fracasso da Casa Branca em conseguir uma vitória decisiva, como factores que levaram Washington a intensificar os seus esforços para fazer de JA um “exemplo” para outros jornalistas - exigindo que eles se “moldem” ou paguem as consequências, incluindo a prisão.
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Contexto para as revelações públicas (Whistleblowing)
No final de uma década de guerra, a oposição ao envolvimento dos EUA no Iraque e no Afeganistão tinha-se alargado a sectores do establishment militar e civil. Foram divulgados documentos e os crÍticos foram encorajados a disponibilizar relatórios revelando crimes de guerra e o custo em vidas humanas. WL, sob a liderança de Assange, foram os destinatários de centenas de milhares de documentos que provinham de analistas militares, empreiteiros e detentores de cargos civis desgostados das mentiras oficiais e dos media de massas que perpetravam e davam cobertura a crimes de guerra.
Como as guerras se arrastavam, e novas guerras foram lançadas na LÍbia e na SÍria e os congressistas liberais estavam impotentes e não estavam dispostos a expor as mentiras dos regimes Obama/Clinton e as falsificações que acompanharam o assassÍnio do Presidente Kadhafi, Wilkileaks e JA divulgaram documentos que revelaram como os EUA planearam, implementaram e fabricaram Guerras Humanitárias para “salvar as pessoas”… bombardeando-as!
As principais redes de comunicação e a imprensa de prestÍgio seguiam a linha oficial, mas os documentos WL desacreditaram-nos.
O Pentágono, a CIA, a Presidência e os seus apoiantes no Congresso entraram em pânico – Í medida que as suas atividades secretas vinham Í tona.
Recorreram a várias acções desesperadas, todas direccionadas a silenciar a liberdade de expressão. Acusaram de “espionagem” os jornalistas de investigação – “que trabalhavam para a Rússia ou para os terroristas islâmicos” ou que eram simplesmente “traidores por dinheiro”.
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À medida que a mensagem WL ganhava legitimidade, Washington voltou-se para o sistema judiciário em busca de sentenças para amordaçar os seus crÍticos. A liberdade de expressão foi criminalizada. Mas WL continuou. Novos e mais crÍticos denunciantes entraram em cena; Chelsea Manning, Edward Snowden, William Binney e outros disponibilizaram novas evidências devastadoras das grosseiras distorções e fabricações sobre mortes de civis por parte de Washington.
Aos olhos do Pentágono Julian Assange era O Inimigo porque se recusou a ser comprado ou intimidado. WL despertou com sucesso a desconfiança nos meios de comunicação de massa e a desconfiança nas notÍcias de guerra oficiais difundidas entre o público.
O Pentágono, a Casa Branca e o aparelho dos serviços de informações procuraram os espiões “internos” que disponibilizavam documentos a WL. A prisão de Julian Assange foi colocada na crença de que a “decapitação” do lÍder intimidaria outros jornalistas de investigação. JA fugiu para salvar a vida, e procurou e recebeu asilo na Embaixada do Equador no Reino Unido.
Depois de sete anos de pressão, os EUA conseguiram que o Presidente equatoriano Lenin Moreno violasse a constituição do seu próprio paÍs e permitisse que a polÍcia britânica detivesse JS, o prendesse e preparasse a sua extradição para Washington, onde o regime encontrará o quadro judicial apropriado para o condenar Í prisão perpétua ou … pior.
Conclusão
Os crimes de guerra cometidos por Washington são de tal dimensão que corroeram o passivo e submisso ethos dos seus funcionários públicos; tendo perdido a confiança, o governo sustenta-se em ameaças, expulsões e processos crime.
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Os jornalistas de investigação estão sob pressão por parte do coro de prostitutas de imprensa e enfrentam processos crime
Liberdade de expressão hoje significa “liberdade” para obedecer ao Estado.
O julgamento que se segue de Julian Assange é mais do que sobre a liberdade de expressão. É sobre a capacidade de Washington de prosseguir guerras globais, aplicar sanções ilegais contra paÍses independentes e recrutar Estados vassalos sem oposição. Washington, sem a consciência do público, poderá iniciar guerras comerciais e difamar impunemente os concorrentes .
Uma vez silenciados e/ou presos os delatores, vale tudo.
No perÍodo actual muitos jornalistas perderam a capacidade de falar a verdade ao poder, e jovens redactores que buscam oportunidades e modelos a seguir enfrentam a ameaça da censura hierarquicamente imposta por meio de punições. A Casa Branca procura converter o paÍs numa câmara de eco das mentiras das guerras “humanitárias” e golpes “democráticos”.
O governo dos EUA prossegue hoje uma guerra contra a Venezuela. O Tesouro rapina os seus recursos e riquezas e o Estado nomeia o seu presidente em nome de “valores democráticos”.
O regime de Trump está a matar Í fome o povo da Venezuela para o submeter, em nome de uma missão humanitária, enredo que apenas é contestado por poucos jornalistas nos meios de comunicação alternativos.
Washington prende JA para garantir que os crimes contra a Venezuela prosseguirão impunemente.
Fonte: https://petras.lahaine.org/julian-assange-and-the-agenda-for/