Cuba e o desporto

Gustavo Carneiro    24.Ago.21    Outros autores

Nos recentes Jogos OlÍ­mpicos Cuba ficou em 14º lugar no número de medalhas alcançado, Í  frente de paÍ­ses bem mais ricos e que, sobretudo, não têm que se haver com o cruel, criminoso e ilegal bloqueio imposto pelos EUA. E esse sucesso tem um significado que vai muito para além do campo desportivo: reflecte outros indicadores em que Cuba se destaca, como a esperança de vida ou as taxas de mortalidade infantil, a alfabetização e a frequência universitária. Quando no nosso paÍ­s se festejam como um grande êxito as poucas medalhas conseguidas, melhor seria que se entendesse a realidade cubana em que, com uma população semelhante e dificuldades económicas incomparavelmente maiores, se conseguem estes notáveis resultados.

Sete medalhas de ouro, três de prata e cinco de bronze: foi este o saldo da participação de Cuba nos recentes Jogos OlÍ­mpicos de Tóquio, garantindo-lhe um destacado 14.º posto no medalheiro, Í  frente de praticamente todos os restantes Estados latino-americanos (Í  excepção do Brasil) e de muitos paÍ­ses ditos desenvolvidos – a Espanha ficou em 22.º, a SuÍ­ça em 24.º, a Bélgica em 29.º, Portugal em 56.º…

Longe de ser uma excepção, esta «intromissão» de Cuba entre os grandes do desporto tem décadas: no medalheiro acumulado de todas as OlimpÍ­adas da Era Moderna, Cuba surge na 16.ª posição, com um total de 85 medalhas de ouro, 71 de prata e 85 de bronze.

Mas nem sempre foi assim. Até aos Jogos de 1964, realizados também na capital japonesa, os atletas cubanos tinham subido ao pódio apenas em 12 ocasiões, tendo as restantes 229 medalhas sido conquistadas daÍ­ por diante, em 13 edições (Cuba não participou nos Jogos OlÍ­mpicos de 1984, em Los Angeles, e de 1988, em Seul). Na galeria dos grandes atletas mundiais figuram vários cubanos: Teófilo Stevenson e Félix Savon, no boxe; Javier Sotomayor e Ivan Pedroso, no atletismo; Driulis González, no judo; ou MijaÍ­n Lopez, na luta greco-romana.

Este último, que no inÍ­cio do mês entrou no restrito grupo de (agora cinco) campeões em quatro Jogos OlÍ­mpicos consecutivos, dedicou o seu triunfo ao Comandante Fidel Castro, que «foi quem levou o desporto para Cuba». Tem razão. Se há um antes e um depois no desporto cubano, a Revolução de Janeiro de 1959 é precisamente o ponto de viragem: assumindo na lei, e sobretudo no quotidiano concreto, o desporto como um direito de todos, Cuba estimula a sua prática desde a infância – nas escolas, nos bairros, nas aldeias.
Nas palavras do próprio Fidel, o desporto em Cuba «não é apenas mais um instrumento de mercado, uma forma de vida dos jovens em alternativa ao trabalho e ao estudo, nem um benefÍ­cio para promotores, agentes e toda a fauna de parasitas que se alimentam do esforço do atleta». É, sim, «um dos meios mais eficazes Í  disposição da sociedade para contribuir para a promoção do bem-estar» e para a «plena realização do ser humano».

Os atletas e treinadores cubanos não são, pois, mais aptos ou dedicados do que nenhuns outros, apenas beneficiam de uma polÍ­tica desportiva democrática e humanista, capaz de revelar e potenciar as suas capacidades fÍ­sicas, técnicas ou psÍ­quicas. O mesmo se passa noutras áreas, como a educação e a saúde, em que Cuba também é gigante: os medalheiros são, nestes casos, indicadores como a esperança de vida ou as taxas de mortalidade infantil, alfabetização e frequência universitária.
Imagine-se como seria sem o cruel, criminoso e ilegal bloqueio imposto pelos EUA…


Fonte: https://www.avante.pt/pt/2490/opiniao/165095/Cuba-e-o-desporto.htm?tpl=179

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