As ameaças ao Irão – Prólogo de uma agressão?

NOTA DOS EDITORES    27.Sep.07    Colaboradores


Nas últimas semanas multiplicaram-se as ameaças ao Irão. Ao discurso belicista de Bush insinuando que o Irão pode ser destruÍ­do se não se submeter Í s exigências de Washington, somou-se agora, na Europa, a agressividade do governo de direita da França. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Kouchner, foi tão longe ao admitir uma guerra de agressão, que o presidente Sarkozy sentiu a necessidade de desautorizar os seus excessos verbais. Mas logo depois, na ONU, retomou as ameaças.
A atmosfera anti-iraniana criada pelos grandes media atingiu um tal nÍ­vel de histeria que o reitor da Universidade de Columbia, numa intervenção grosseira, qualificou de «inimigo» o presidente Ahmadinejah durante uma conferência ali proferida pelo convidado.
Ao dirigir-se ao mundo na Assembleia-Geral das Nações Unidas, Ahmadinejah respondeu com dignidade e firmeza aos insultos e calunias da campanha montada contra o seu povo.
Sem mencionar expressamente os EUA, lembrou que eles são hoje um paÍ­s onde os direitos humanos são amplamente violados
«Instalar prisões secretas – sublinhou - sequestrar pessoas, julgar e punir em segredo sem que haja o devido processo legal, gravar conversas telefónicas, interceptar e-mails, tudo isso se transformou em rotina» no pais que se apresenta como o grande defensor dos direitos humanos.
O presidente Iraniano, que foi ouvido com respeito pela grande maioria da Assembleia, recordou também que o Iraque foi invadido a pretexto de que dispunha de armas de extermÍ­nio maciça. A acusação era falsa, como ficou provado, mas o Iraque permanece ocupado sob novos pretextos. E o seu povo continua a ser objecto de uma politica de saque e genocÍ­dio.
Ahmadinejah, repetiu mais uma vez que o seu povo, aliás subscritor do Tratado de Não Proliferação, tem como qualquer outro o direito de desenvolver «actividades nucleares» com fins «pacÍ­ficos e transparentes», pelo que considera encerrada a «polémica nuclear». A partir de agora só debaterá essas questões com a Agencia Internacional de Energia Atómica, a cujos inspectores as suas instalações nucleares permanecem abertas.
Não há como negar a força dos argumentos do Presidente do Irão.
A mentira, a agressividade, o desrespeito pela Carta da ONU estão com os Estados que tratam de reforçar as sanções aplicadas a Teerão e muito especialmente com os EUA que acabam de incluir os Guardas Revolucionarias do Irão – um corpo das Forças Armadas daquele pais - na lista das “organizações terroristas”.
Denunciar a fanática campanha anti-iraniana nestes dias em que o discurso de Bush, com conivências Europeias, repete quase mecanicamente o que precedeu a agressão ao Iraque tornou-se um dever de solidariedade com um povo ameaçado de destruição pelos EUA.

OS EDITORES

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