Drones assassinos na guerra do Sahel*

Carlos Lopes Pereira    26.Dic.17    Colaboradores

Os «robots assassinos» vêm oficialmente juntar-se Í s tropas especiais já no terreno. Com a justificação do «combate ao terrorismo», o imperialismo estado-unidense e aliados alargam a intervenção militar em ́frica – do Sahel Í  Somália, da Nigéria aos Grandes Lagos –, com o propósito de controlar e explorar os recursos do continente.

Os Estados Unidos e a França vão utilizar drones armados na região do Sahel, em mais uma escalada da intervenção militar das potências ocidentais a pretexto da «luta contra o terrorismo».

Norte-americanos e franceses já operam na faixa saheliana com drones, baseados no NÍ­ger, em missões de «vigilância e recolha de informações». Agora, responsáveis do Pentágono revelaram que as autoridades nigerinas aceitaram que os Reapers dos EUA estacionados em Niamey sejam equipados com mÍ­sseis.

Nos primeiros dias de Outubro, quatro membros das forças especiais norte-americanas e quatro militares nigerinos foram mortos num confronto com jihadistas, perto da fronteira com o Mali. O incidente revelou a presença de tropas dos EUA – pelo menos 800 homens, incluindo unidades de elite –, envolvidas em acções de guerra em território do NÍ­ger.

O novo acordo entre Niamey e Washington sobre o armamento dos drones será assinado até ao final do ano, noticiou a Jeune Afrique. O comando estado-unidense para ́frica, o Africom, não comentou tais «autorizações militares especÍ­ficas» mas indicou que «os governos do NÍ­ger e dos EUA trabalham juntos para impedir as organizações terroristas de utilizar a região como uma base recuada». Uma vez assinado o acordo, os drones norte-americanos poderão ser equipados com mÍ­sseis «em poucos dias», segundo a revista.

Operando hoje a partir de Niamey, os Reapers passarão em breve a descolar de Agadez, no centro do NÍ­ger, onde os EUA estão a construir mais uma base aérea, que estará concluÍ­da em 2018. Custará 50 milhões de dólares e passará a acolher grande parte dos 800 militares norte-americanos no NÍ­ger, «cujo número deverá aumentar nos meses seguintes».

A base de drones de guerra em Agadez será a segunda dos EUA em ́frica, semelhante Í  que dispõem em Djibuti para lançar ataques contra os jihadistas na Somália e no Iémen.

Com uma autonomia de quase 24 horas e um raio de acção de 1800 quilómetros, estas aeronaves automatizadas e pilotadas Í  distância permitirão aos EUA levar a cabo operações militares em grande parte da faixa sahel-saariana.

Também a França vai armar os seus drones no Sahel. Em 2014, comprou aos EUA seis aparelhos, cinco dos quais operam a partir de Niamey, no quadro da operação Barkhane, centrada no Mali mas abrangendo outros paÍ­ses sahelianos. Paris vai adquirir até 2019 mais seis Reapers, também equipados com mÍ­sseis.

Os drones armados surgiram, pela mão dos EUA, no Afeganistão, após o 11 de Setembro de 2011. Generalizados no Iraque depois da intervenção norte-americana de 2003, estes «robots assassinos» foram a partir daÍ­ empregados pela CIA, durante a administração Obama (2008-2016), na eliminação de «inimigos», em geral com desastrosos «danos colaterais» entre as populações.

Com a justificação do «combate ao terrorismo», o imperialismo estado-unidense e aliados alargam assim a intervenção militar em ́frica – do Sahel Í  Somália, da Nigéria aos Grandes Lagos –, com o propósito de controlar e explorar os recursos do continente.

*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2299, 21.12.2017

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