Os Estados Unidos vão bombardear a SÍria
«Decidi que os EUA devem atuar militarmente na SÍria» - informou Barack Obama no sábado. «Sei-acrescentou - que posso fazê-lo sem a autorização do Congresso, mas seremos mais eficazes se pedirmos a sua aprovação».
O Congresso está de férias, mas o Presidente esclareceu que já conversou com os lÍderes democratas e republicanos das duas Camaras.
A humanidade aguarda, portanto, com angústia, que a máquina de guerra estadunidense lance os primeiros misseis contra a terra milenar da SÍria, dando inicio a mais um monstruoso crime do imperialismo.
O ato de barbárie repetirá noutras circunstâncias, e com outro estilo, aqueles que atingiram o Afeganistão, o Iraque e a LÍbia.
O pretexto invocado foi concebido com muita antecedência. O governo sÍrio é acusado de ter utilizado armas quÍmicas em bombardeamentos que causaram mais de um milhar de vÍtimas nos subúrbios de Damasco.
As «provas» sobre a origem das armas quÍmicas utilizadas que os EUA citam para justificar o ataque não provam nada. São falsas, foram forjadas como as que atribuÍam ao Iraque a posse de armas de extinção massiva.
O secretário de Estado John Kerry e o Presidente falaram de «elevada confiança» e «elevada certeza» ao atribuir ao governo de Bachar al Assad o uso das armas quÍmicas. Mas, Í cautela, Obama decidiu não esperar pelo relatório dos inspetores da ONU, que, segundo Ban Ki moon, pode demorar duas semanas. Aliás, como reconheceu o secretário de Estado John Kerry «a investigação da ONU não esclarecerá quem usou armas quÍmicas. Esse não é o mandato da missão».
A única certeza, comprovada por um relatório oficial russo (ver artigo de Finian Cunningham, odiario.info 28.8.13), é a de que os bandos terroristas que combatem o governo de Bashar al Assad utilizaram armas quÍmicas no bombardeamento da cidade de Khan al-Assad. Provado está também que a Turquia, o Qatar e a Arabia Saudita continuam a financiar os «rebeldes» e a fornecer-lhes armas.
O presidente dos EUA deixou transparecer surpresa e consternação pelo facto de o Parlamento Britânico ter votado contra o envolvimento militar do Reino Unido no ataque Í SÍria, numa atitude que expressou a oposição do povo inglês Í submissão do governo Cameron a Washington. Diferente foi a posição do presidente Hollande que se comporta como um lacaio ao alinhar com a agressão dos EUA, condenada por 64% dos franceses. Manifestações contra a intervenção militar estão a ser convocadas em muitos paÍses.
Não tendo conseguido – por oposição da Rússia e da China – que o Conselho de Segurança aprovasse uma Resolução que abrisse a porta Í agressão, os EUA, mais uma vez decidiram iniciá-la sem mandato do mais alto órgão das Nações Unidas.
Tal como aconteceu no caso da LÍbia, uma campanha mediática de desinformação de proporções mundiais precedeu a decisão de intervir militarmente. A opção pela guerra foi apresentada como iniciativa humanitária empreendida em defesa de um povo oprimido por um regime despótico. Mas de facto nenhuma lei internacional legitimaria a agressão contra a SÍria ainda que os factos fossem verdade. Por outro lado, esta agressão só adiciona e prolonga o sofrimento e morticÍnio de que o povo sÍrio tem sido vÍtima Í s mãos das intervenções externas em curso; e, pelas suas ramificações, tornará mais problemática e distante a resolução polÍtica do conflito.
O discurso de Obama que pretende justificar o crime em preparação caracteriza bem o farisaÍsmo da estratégia imperialista. Afirmando combater o terrorismo, tripudia sobre o Direito Internacional. Como as milÍcias de mercenários islamitas fanáticos, agora seus aliados, estavam a ser derrotadas pelo exército sÍrio, optou pela intervenção armada unilateral.
Mas a hipocrisia do presidente dos EUA não atingiu o objetivo: em dezenas de paÍses, organizações e personalidades de prestÍgio internacional condenam a iminente agressão ao povo sÍrio como crime contra a humanidade.
É transparente que esta nova guerra imperial se insere na estratégia de domÍnio universal de Washington que visa a recolonizar todo o Médio Oriente.
OS EDITORES DE ODIÍRIO.INFO
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