NOTA DOS EDITORES

Os Estados Unidos vão bombardear a SÍ­ria

Os Editores    01.Sep.13    Editores

«Decidi que os EUA devem atuar militarmente na SÍ­ria» - informou Barack Obama no sábado. «Sei-acrescentou - que posso fazê-lo sem a autorização do Congresso, mas seremos mais eficazes se pedirmos a sua aprovação».

O Congresso está de férias, mas o Presidente esclareceu que já conversou com os lÍ­deres democratas e republicanos das duas Camaras.

A humanidade aguarda, portanto, com angústia, que a máquina de guerra estadunidense lance os primeiros misseis contra a terra milenar da SÍ­ria, dando inicio a mais um monstruoso crime do imperialismo.

O ato de barbárie repetirá noutras circunstâncias, e com outro estilo, aqueles que atingiram o Afeganistão, o Iraque e a LÍ­bia.

O pretexto invocado foi concebido com muita antecedência. O governo sÍ­rio é acusado de ter utilizado armas quÍ­micas em bombardeamentos que causaram mais de um milhar de vÍ­timas nos subúrbios de Damasco.

As «provas» sobre a origem das armas quÍ­micas utilizadas que os EUA citam para justificar o ataque não provam nada. São falsas, foram forjadas como as que atribuÍ­am ao Iraque a posse de armas de extinção massiva.

O secretário de Estado John Kerry e o Presidente falaram de «elevada confiança» e «elevada certeza» ao atribuir ao governo de Bachar al Assad o uso das armas quÍ­micas. Mas, Í  cautela, Obama decidiu não esperar pelo relatório dos inspetores da ONU, que, segundo Ban Ki moon, pode demorar duas semanas. Aliás, como reconheceu o secretário de Estado John Kerry «a investigação da ONU não esclarecerá quem usou armas quÍ­micas. Esse não é o mandato da missão».

A única certeza, comprovada por um relatório oficial russo (ver artigo de Finian Cunningham, odiario.info 28.8.13), é a de que os bandos terroristas que combatem o governo de Bashar al Assad utilizaram armas quÍ­micas no bombardeamento da cidade de Khan al-Assad. Provado está também que a Turquia, o Qatar e a Arabia Saudita continuam a financiar os «rebeldes» e a fornecer-lhes armas.

O presidente dos EUA deixou transparecer surpresa e consternação pelo facto de o Parlamento Britânico ter votado contra o envolvimento militar do Reino Unido no ataque Í  SÍ­ria, numa atitude que expressou a oposição do povo inglês Í  submissão do governo Cameron a Washington. Diferente foi a posição do presidente Hollande que se comporta como um lacaio ao alinhar com a agressão dos EUA, condenada por 64% dos franceses. Manifestações contra a intervenção militar estão a ser convocadas em muitos paÍ­ses.

Não tendo conseguido – por oposição da Rússia e da China – que o Conselho de Segurança aprovasse uma Resolução que abrisse a porta Í  agressão, os EUA, mais uma vez decidiram iniciá-la sem mandato do mais alto órgão das Nações Unidas.

Tal como aconteceu no caso da LÍ­bia, uma campanha mediática de desinformação de proporções mundiais precedeu a decisão de intervir militarmente. A opção pela guerra foi apresentada como iniciativa humanitária empreendida em defesa de um povo oprimido por um regime despótico. Mas de facto nenhuma lei internacional legitimaria a agressão contra a SÍ­ria ainda que os factos fossem verdade. Por outro lado, esta agressão só adiciona e prolonga o sofrimento e morticÍ­nio de que o povo sÍ­rio tem sido vÍ­tima Í s mãos das intervenções externas em curso; e, pelas suas ramificações, tornará mais problemática e distante a resolução polÍ­tica do conflito.

O discurso de Obama que pretende justificar o crime em preparação caracteriza bem o farisaÍ­smo da estratégia imperialista. Afirmando combater o terrorismo, tripudia sobre o Direito Internacional. Como as milÍ­cias de mercenários islamitas fanáticos, agora seus aliados, estavam a ser derrotadas pelo exército sÍ­rio, optou pela intervenção armada unilateral.

Mas a hipocrisia do presidente dos EUA não atingiu o objetivo: em dezenas de paÍ­ses, organizações e personalidades de prestÍ­gio internacional condenam a iminente agressão ao povo sÍ­rio como crime contra a humanidade.

É transparente que esta nova guerra imperial se insere na estratégia de domÍ­nio universal de Washington que visa a recolonizar todo o Médio Oriente.

OS EDITORES DE ODÍRIO.INFO

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